Não sou alérgica ao “não”, mas sinto alguma alergia quando vejo uma criança inundada de “nãos” à sua volta.
Primeiro, porque a maioria da comunicação pais-filhos/ educadores-crianças se baseia demasiado em negações e em instruções. Sobra pouco para uma conversa em que todos se nutrem, em que todos participam de igual forma e têm a mesma oportunidade de se expor.
Depois, porque o “não” indica à criança aquilo que ela não pode fazer/ dizer (…), mas não lhe dá qualquer pista sobre o comportamento a substituir pelo anterior. Em especial crianças pequenas, até aos 3 anos, ficam “bloqueadas” perante um “não”… Elas até podem parar a acção, mas não fazem ideia do que é esperado delas, de seguida.
Além disso, uma criança que ouve esta palavra chata demasiadas vezes, deixa de lhe dar grande importância (como em tudo!) e passa a ser algo pouco eficiente quando o momento exige verdadeiramente uma correção de comportamento.
Uma boa estratégia para nos reeducarmos, pode passar por substituir os múltiplos “nãos” (aqueles que se dizem pelas coisas mais básicas do dia a dia) por outra palavra/som, estilo “ô-ooou!” ou “ups!”, seguido de uma alternativa rápida à acção… “Re-channel”, é o caminho! 😉
Guardamos, assim, o grande “NÃO” para momentos em que o nosso filho possa estar realmente em risco, ou possa estar a colocar em risco outro ser vivo, ou a ter um comportamento altamente desadequado/ anti-social.
Esta é a postura que sempre tivemos para com o Vicente… Que insuportável é para nós imaginar que somos insuportavelmente chatos para ele. E o que é facto é que os poucos “nãos” que ouve são quase sempre respeitados à primeira.
Concordo plenamente. ❤️
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