Bem vindo, Vicente!

20 de Abril de 2018. O dia da chegada do Vicente ao mundo 🙂

Saímos de manhã e, antes de fecharmos a porta de casa, olhámos lá para dentro uma última vez. Não mais seríamos dois. Nunca mais. E o misto de emoções que se sente não tem explicação. É a primeira ténue impressão de que a vida já mudou.

 

Passava um pouco das 18h30 e já éramos três. O Vicentinho nasceu perfeito após um trabalho de parto bem tranquilo. Nasceu, ali, o maior desafio das nossas vidas.

Desde esse dia até então, temos vindo a adaptar-nos a uma realidade completamente diferente. Tudo gira em torno das necessidades do bebezão e, é verdade, o cansaço atinge níveis nunca antes experimentados! Mas também não é menos verdade que o sentimento de felicidade pura é o maior que alguma vez sentimos. Sabem aquela sensação de que não nos falta nada, nada, nada? 🙂

Os dias vão voando entre embalos, amamentação, trocas e os normais afins, sobrando (de facto!) ainda pouco tempo para obter as primeiras impressões montessorianas. Mas uma coisa vos digo, a primeira delas deu-se sem que ninguém esperasse. Estávamos nós no sofá, com o Vicente ao colo, e apercebemo-nos de que ele abrira muito os olhos, com o sobrolho e testa franzidos, dirigindo a atenção para algo que não era bem a nossa cara. Parecia a expressão de um menino muito maior com um já enorme entendimento do mundo que o rodeia – mas não! – era apenas o nosso bebezão que ainda nem sequer foca ao perto, quanto mais a meia distância. E no que é que se concentrava ele? Simples: numa imagem muito grande de uma zebra, branca e preta, que temos por detrás do sofá. Com 3 dias de vida, o Vicente foi atraído por ela e, desde então, passa bastantes minutos seguidos a “contemplá-la”! É claro que não interrompemos estes momentos preciosos.

 

O móbile munari também já foi introduzido (logo na primeira semana) e a verdade é que já observamos algum foco nos vários elementos. Há que escolher muito bem a fase do dia em que proporcionamos esta experiência – o melhor mesmo é aproveitar depois de o bebé estar alimentado e devidamente confortável numa posição deitada ou semi-deitada (penso que esta última seja a melhor), com a sorte de ele não adormecer de imediato 🙂 🙂

 

E agora que já estou a conseguir encontrar uns instantes para regressar ao activo no blog, conto falar-vos um pouco mais desta experiência de chegar a casa com um ser humano a nosso cargo, do que pode ser importante preparar antecipadamente no sentido de não vermos o nosso lar transformado num caos em meia dúzia de horas, da experiência da amamentação (a parte que ninguém nos conta), bem como das rotinas do dia-a-dia, que em tudo se têm que adaptar!

Até breve!

Joana

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Preparações da 39ª semana

Mala feita, tudo pronto. Hora de iniciar aquelas preparações que só nos irão facilitar a vida quando chegarmos a casa com o Vicentinho: lavandaria toda tratada (pouco para lavar, nada para passar a ferro), móveis a brilhar, chão desinfectado, enfim… tudo impecável.

Como ainda sobrou tempo, dediquei uma tarde a preparar refeições para mim e para o D, que congelei e que se destinarão à primeira semana com o bebé. Já são muitas as mudanças e novas rotinas com as quais teremos que lidar nesses primeiros dias, por isso, tudo aquilo que pudermos antecipar, ajudará certamente. Optei por dois pratos diferentes: pescada gratinada com batatas e ovo e feijão verde guisado com cenouras e quinoa tricolor. A juntar a estes, tenho ainda um empadão de carne feito pela minha mãe (cá em casa não cozinhamos nem consumimos carne, porém, de vez em quando abrimos uma excepção – e foi o caso). Dividi tudo por marmitas de doses individuais ou duplas et voilà, congelador com elas!

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É verdade que tudo o que não apetece no final de uma gravidez é passar uma série de horas em pé e a tratar deste tipo de tarefas, porém, se queremos assumir sozinhos uma responsabilidade que é só nossa e não queremos depender da ajuda de terceiros (que também têm as suas vidas) mais tarde, penso que valha bem a pena o esforço!

 

Até breve! (não sei bem se com ou sem Vicente! 🙂 )

Joana

Visitas à maternidade e amamentação

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O nascimento de um bebé desejado é sempre um motivo de felicidade e festa para os pais, em especial, e para toda a extensão familiar. Todos o querem conhecer, pegar nele, e dar-se igualmente a conhecer. Os quartos das maternidades transformam-se, como tal, em salas de estar de quem, ali, vai tendo vontade de ficar, e ficar e ficar…

Compreensível, até certa parte, porém, descolemo-nos daquilo que é “comum” e concentremo-nos no real interesse e necessidade do bebé. Não estaremos a pensar mais em nós próprios do que nele quando lhe impomos a presença de um excessivo número de pessoas logo após nascer? Respondam, para vocês mesmos, a esta pergunta, mas não caindo em desculpas emocionais! 🙂 Elas não nos permitem afastar o nosso egocentrismo.

O momento do nascimento é um turbilhão de novas emoções para a mãe e para o pai, e de novas sensações para o bebé. Este abandona o ambiente calmo, consistente e previsível intra-uterino e experimenta uma série de novos estímulos, os quais, de todo, ainda não consegue compreender. São poucas as âncoras que o podem ligar a um ambiente psíquico seguro – a presença da mãe, do pai e a amamentação. O bebé não precisa de mais nada nos primeiros dias de vida. E é nisto que eu e o D queremos estar focados.

Como tal, decidimos que as visitas à maternidade serão exclusivas aos familiares mais próximos e a um número muito limitado de amigos chegados. O tempo de cada visita também será curto, no sentido de influenciar o mínimo possível a rotina que estaremos, muito preliminarmente, a tentar estabelecer. Pessoas menos chegadas ao Vi terão muito tempo para o conhecer, sem que tenhamos que precipitar o excesso de estímulos à volta dele, em especial nesta fase que deverá ser o mais serena possível e durante a qual o bebé já conta com os mais diversos desafios.  🙂

Possivelmente, se pensasse neste assunto há 1 ou 2 anos atrás, sentiria que estávamos a adoptar uma postura demasiado pragmática. Talvez na altura ainda não estivéssemos preparados para assumir uma educação consciente e que respeita as necessidades do bebé, desde o 1º dia. Devemos ter sempre em mente duas palavras e questionarmo-nos acerca delas: “Contribuir ou Contaminar“? A resposta e resultado das nossas acções e decisões deverá ser sempre “Contribuir“. Contribuir, neste caso, para o desenvolvimento pleno do Ser Humano que está prestes a chegar.

É também na maternidade que começamos a trabalhar a rotina da amamentação, sendo necessário (uma vez mais) espaço e tempo, em exclusivo, para tal. Sem fundamentalismos, sou defensora da mesma até (pelo menos) aos 6 meses. Acredito profundamente nos benefícios físicos e, muito em particular, nos emocionais. O vínculo e a segurança gerados neste momento de intimidade e partilha entre mãe e bebé só podem favorecer o seu crescimento pleno. Sabendo que demora cerca de 8 semanas até que o ritmo do aleitamento esteja estabelecido e seja confortável para ambos, quanto mais nos dedicarmos e nos empenharmos em superar a fase inicial de adaptação, mais prazeroso certamente será, não caindo (como tantas vezes acontece) no erro do abandono desta prática tão precocemente.

Maria Montessori fala em dois períodos embrionários – o Pré-Natal (antes do nascimento) e o Pós-Natal (após o nascimento e até aos 3 anos), sendo este último uma fase da vida embrionária construtiva, em que o bebé precisa de amor, acolhimento e de uma necessidade física (aleitamento) satisfeita logo quando nasce, num ambiente muito especial – o colo materno. O aleitamento aparece assim como “uma necessidade subconsciente da mãe dar ao seu filho o auxílio de um completo ambiente social que lhe determine o desenvolvimento. (…) Assim sendo, a nutrição da criança e o amor que une as duas criaturas, soluciona o problema da adaptação ao ambiente de um modo natural“. (“The Absorbent Mind“).

Não deveria esta prática ser mais valorizada pelas mães dos tempos de hoje?

Até já!

Joana