O segundo mês

Deixei de ter um recém-nascido!

Pois é, o bebé pequenino, com vontades e necessidades ainda pouco expressas, cresceu! Não me refiro ao tamanho propriamente dito, porque continua pequeno (embora a escalar veementemente alguns percentis 😀 ), mas a uma série de evoluções que o tornam, agora, num ser fascinante, com acções intencionais e uma graça enorme em tudo o que faz 🙂

O primeiro sorriso “de verdade” deu-se no início deste segundo mês e marcou toda uma nova forma de relação entre nós, pais, e o Vicente. As idas ao trocador passaram a ser uma diversão e uma oportunidade de comunicação muito mais eficaz! Aqueles desconfortos com o pós-banho e mesmo com o acto de despir para trocar a fralda deixaram de existir, pelo simples facto de o Vi já conseguir entender e moldar o seu comportamento perante diálogos apaziguadores e serenos da nossa parte (com mil sorrisos pelo meio, sempre!).

 

E o olhar? Que diferença no olhar! Passou a seguir-nos para todo o lado, a seguir a Camila (nossa cadela), bem como tudo aquilo que lhe chamava a atenção. E começou a procurar o nosso próprio olhar, terminando ou num franzir de testa (aquela expressão de pensamento profundo de que vos falei num post anterior) ou numa risada 🙂

Outro marco muito importante, e do qual vos quero falar depois com muito mais pormenor, foi a passagem para o próprio quarto durante a noite. Fizemo-la no dia 6 de Junho, altura em que o Vi fazia cerca de um mês e meio. Gostaríamos que tivesse acontecido logo no final no primeiro mês, mas confesso que alguns receios prevaleceram. Precisámos de mais uns dias para “garantir” (nunca é garantido, na verdade…), que as grandes regurgitações não aconteciam com tanta frequência durante a noite.

Foi também nesta altura que os intervalos entre refeições passaram de 3h-3h para 4h-4h ou mesmo 5h-5h. Mantivemos o esquema da noite: até às 06h00, o D assegurava as mesmas e, a partir daí, entrava eu. Foi um mês bastante cansativo, muito porque o D começou a trabalhar. Por um lado, estas noites com uma grande privação de sono desgastavam-no enormemente, por outro, os dias quase inteiros passados sozinha com o Vi também me levavam a uma certa exaustão. Mas nada que uma boa equipa, com membros motivados e felizes, não aguente!

 

No que respeita à alimentação propriamente dita, mantivemos o padrão do mês anterior. O bebezão continua quase exclusivamente a beber leite materno. Retiro-o com a bomba, três (por vezes, quatro) vezes por dia, assegurando 5 dos 6 biberões diários. É aborrecido, é verdade, e priva-nos de alguns planos mais ambiciosos de saídas de casa. Ainda assim, é por um bem maior e é isso que me move e me faz continuar com o mesmo afinco. Cada dia com o meu leite, é um dia a mais com todas as vantagens que o mesmo traz consigo. Uma das últimas leituras que fizemos foi a de alguns artigos e estudos OMS, relativamente a esse mesmo tema. Dêem uma espreitadela e ficarão surpreendidos com a quantidade de relações entre aleitamento materno e uma série de aspectos positivos vida fora!

Neste mês, passámos também por 2 móbiles diferentes – o dos octaedros (o Vi delirava com ele!) e o Gobbi. Foi mais desafiante captar a atenção sustentada para este último, tendo acontecido mais perto do final do mês e com alguma “ajudinha” da nossa parte, movendo as bolinhas de lã de uma forma mais “entusiasta” 🙂 Normalmente, o tempo dedicado ao móbile acontecia da parte da manhã, altura em que a disposição e energia do Vi o permitiam durante um período mais alargado. Aproveitávamos também, de seguida, para o colocar de barriga para baixo, exercitando os músculos do pescoço.

 

Outra coisa que introduzimos e tornámos algo rotineira foi a música, em especial a música clássica. No Spotify encontrámos uma playlist maravilhosa – Mozzart for Babies e, desde então, tem sido a banda sonora da nossa “ginástica intestinal” (como gostamos de a chamar) 🙂 bem como de alguns momentos de relaxamento durante o dia.

Quanto aos passeios fora de casa, tornaram-se um pouco mais frequentes e, além do carrinho de bebé, passámos a utilizar um porta-bebés (da ergobaby que, desde já, recomendo!) que se revela uma opção bem mais prática e funcional para pequenas distâncias. No nosso caso, optámos pelo modelo Adapt.

 

 

E o problema de resumir o mês anterior estando já no final da primeira semana do mês seguinte é querer desenfreadamente contar-vos novidades e novas conquistas recentes! Mas vou aguentar-me e guardá-las para posts posteriores 🙂

 

Até já!

Joana

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O primeiro mês

Num ápice, o primeiro mês passou. Um mês totalmente novo e diferente nas nossas vidas, um mês tão feliz! O Vicente cresceu a olhos vistos e até já sentimos saudades dos primeiros tempos de bebezice, quando olhamos para as fotos que lhe tirámos mal nasceu! Como é possível ser tão pequenino e, ao mesmo tempo, já ter crescido tanto?!

Temos passado a maior parte do tempo por casa, saindo maioritariamente para passeios nas redondezas e, pontualmente, para um ou outro evento de pessoas próximas. A verdade é que, na rotina de um bebé com esta tenríssima idade, sobra pouco espaço para grandes programas. Nem sequer os equacionamos, uma vez que, à partida, sairão “furados”! É a realidade.

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Um dos aspectos que tentamos levar a cabo com rigor é a criação dessa mesma rotina. Falámos disto diversas vezes noutros posts, mas penso que nunca é demais reforçar. O bebé, em especial nesta primeira etapa, PRECISA de uma rotina para se sentir bem e protegido. Precisa de conseguir antecipar o que vai acontecer a seguir, de previsibilidade. Como tal, não podemos apresentar-lhe planos diários muito diferentes uns dos outros, ou corremos o risco de gerar nele sentimentos de insegurança e desconforto. Não queremos que o Vicente se sinta perdido num mundo que ainda desconhece por completo. E asseguro-vos que, em muito pouco tempo, já conseguimos identificar uma ou outra situação em que o estabelecer da rotina foi diminuindo a angústia – o banho é uma delas. Como quase todos os bebés, o Vi chora quando o despimos, quando o colocamos dentro de água (lá dentro, rapidamente sente que é agradável e fica calmo) e, especialmente, quando o retiramos da água e o passamos para a toalha. Esta passagem, no início, era um pranto! O choro era daqueles que faziam com que o Vi ficasse roxo. E eis que os dias foram passando, o banho sempre dado da mesma forma, mais ou menos na mesma altura do dia, e o choro foi sendo cada vez menor. O bebezão já conhece os vários passos e já prevê que, depois de ser retirado da água e sentir frio, é rapidamente envolvido pela toalha e pelos braços da mãe 🙂

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É esta familiarização com o mundo que o rodeia que queremos trabalhar gradualmente e, para já, esse mundo não pode ir muito além do que o ambiente onde vivemos, com as duas pessoas que também fazem parte dele e que o vão fazendo sentir que pertence a algum sítio e que tem sempre dois colos seguros e protetores – a mãe e o pai.

Outro aspecto que importa realçar neste primeiro mês é a evolução da capacidade de foco. Se, inicialmente, o Vi olhava fixamente para a imagem da zebra da nossa sala, agora fá-lo com os elementos do móbile, com a nossa silhueta, quando nos movimentamos a meia distância, e com os nossos olhos, quando estamos com ele ao colo.  Ah! E com o espelho do lado da cama! O Vi já se observa a si mesmo com atenção! E é tão bom de ver aquele sobrolho a franzir como que procurando respostas para pensamentos profundos 🙂 🙂 🙂

 

 

 

E agora, a parte mais difícil destes 30 dias (nem tudo são rosas)… lembram-se de eu vos contar que sou totalmente apologista da amamentação em exclusivo até aos 6 meses, correto? Pois bem, sem rodeios: ninguém me contou, nem nunca li, que poderia ser tão difícil amamentar em pleno. Pensei em desistir – quase todos os dias. Não o fiz agarrada à esperança de que a situação iria melhorar em breve. Não melhorou, pelo contrário. Penso que não nos devemos focar nas coisas difíceis e menos positivas que nos acontecem, porém, se não falarmos delas e quisermos passar simplesmente a imagem de que tudo é perfeito, contribuímos para esta desinformação acerca de alguns temas que quase se tornam tabu. Fala-se muito do parto, da dor do parto, da gravidez e dos seus sintomas… e da amamentação, porque não se fala? Porque é que as mães que pararam de amamentar por dor e desespero se escondem? Será porque sentem que as vão condenar e apelidar de más mães? É certo que amamentar, ou não, um filho começa por ser uma escolha – eu própria questiono a escolha por não o fazer, porque, a meu ver, vontade deveríamos ter todas. Mas nem sempre é esse o caso! Sou a primeira a admitir que não tinha noção, mas este acto de amor, de proximidade, este vínculo afectivo que aconchega o nosso bebé, pode simplesmente tornar-se na maior dor física e emocional que experimentamos na vida!

Física, por razões óbvias. No meu caso, muito resumidamente, uma má pega inicial, aliada ao facto de ter tido um bebezão muito sôfrego a mamar (entenda-se: garganeiro 😀 ), fez com que ficasse logo com feridas profundas nos mamilos, que chegaram a sangrar muito, mesmo com os supostos “aliados” mamilos de silicone. E a dor que causava, juntamente com a dor do ingurgitamento mamário, era tanta, que não vos consigo explicar.

Emocional, porque (no meu caso) sabia que, se desistisse ou vacilasse, não estaria a dar o melhor ao meu filho. Também não consigo transmitir em palavras o sentimento de culpa que tinha. E ainda tenho.

De uma forma muito subtil e ainda pouco assumida, tive que optar por um esquema que não encaro como ideal, mas que me devolveu alguma sanidade e, principalmente, uma mãe menos angustiada e sofrida ao Vicente. Este esquema envolve bombas de extração de leite, biberões e, infelizmente, algum leite artificial, uma vez que comecei a produzir menos leite materno a partir do momento em que não estimulava a sua produção a cada duas ou três horas, como acontecia quando amamentava diretamente. Entretanto, pelo caminho, as feridas sararam e, com toda a felicidade do mundo, voltei a tentar. Correu lindamente, porém, a quantidade insuficiente de leite fez com que o sôfrego Vicente chorasse inconsolavelmente mal o fluxo diminuía e, com tamanha irritação, começasse a bolsar tudo. Insisti durante três dias consecutivos, mas a situação manteve-se e o Vi, que nos habituou a um ganho de peso duas vezes superior ao esperado, ganhou, nesses três dias, apenas metade do valor considerado ideal. Confesso que a questão do peso me passa um pouco ao lado, não me interessa muito se ganha mais ou menos do que o valor tabelado, desde que esteja saudável e bem disposto. Mas bem disposto, era algo que o Vi não ficava depois de mamar. Voltei a usar a bomba para perceber que quantidade de leite é que lhe estava a dar e, efectivamente, era menos do que a que deveria.

Resumindo, mantive o esquema da bomba, biberão e fórmula. Consigo actualmente dar 4/5 biberões de leite materno diariamente e 1/2 de artificial. Vivo um pouco refém das ditas bombas, mas, enquanto der, pretendo manter-me assim. Um dia de cada vez, é o que penso. Sem culpas, vou tentando.

Entrando agora no segundo mês, outros desafios se colocam, outras maravilhas se manifestam (o primeiro sorriso intencional é uma delas), muita coisa nova há para contar. Assim que tiver 2 ou 3 intervalos (nem que seja em 2 ou 3 dias diferentes, como está a acontecer agora), voltarei para vos fazer um update da vivência por estes lados 🙂

E a vossa experiência de maternidade, como está a ser? Se pensam em ter filhos, como imaginam o pós-parto? Já alguém vos tinha falado de forma nua e crua sobre a amamentação?

 

Até breve!

Joana

Bem vindo, Vicente!

20 de Abril de 2018. O dia da chegada do Vicente ao mundo 🙂

Saímos de manhã e, antes de fecharmos a porta de casa, olhámos lá para dentro uma última vez. Não mais seríamos dois. Nunca mais. E o misto de emoções que se sente não tem explicação. É a primeira ténue impressão de que a vida já mudou.

 

Passava um pouco das 18h30 e já éramos três. O Vicentinho nasceu perfeito após um trabalho de parto bem tranquilo. Nasceu, ali, o maior desafio das nossas vidas.

Desde esse dia até então, temos vindo a adaptar-nos a uma realidade completamente diferente. Tudo gira em torno das necessidades do bebezão e, é verdade, o cansaço atinge níveis nunca antes experimentados! Mas também não é menos verdade que o sentimento de felicidade pura é o maior que alguma vez sentimos. Sabem aquela sensação de que não nos falta nada, nada, nada? 🙂

Os dias vão voando entre embalos, amamentação, trocas e os normais afins, sobrando (de facto!) ainda pouco tempo para obter as primeiras impressões montessorianas. Mas uma coisa vos digo, a primeira delas deu-se sem que ninguém esperasse. Estávamos nós no sofá, com o Vicente ao colo, e apercebemo-nos de que ele abrira muito os olhos, com o sobrolho e testa franzidos, dirigindo a atenção para algo que não era bem a nossa cara. Parecia a expressão de um menino muito maior com um já enorme entendimento do mundo que o rodeia – mas não! – era apenas o nosso bebezão que ainda nem sequer foca ao perto, quanto mais a meia distância. E no que é que se concentrava ele? Simples: numa imagem muito grande de uma zebra, branca e preta, que temos por detrás do sofá. Com 3 dias de vida, o Vicente foi atraído por ela e, desde então, passa bastantes minutos seguidos a “contemplá-la”! É claro que não interrompemos estes momentos preciosos.

 

O móbile munari também já foi introduzido (logo na primeira semana) e a verdade é que já observamos algum foco nos vários elementos. Há que escolher muito bem a fase do dia em que proporcionamos esta experiência – o melhor mesmo é aproveitar depois de o bebé estar alimentado e devidamente confortável numa posição deitada ou semi-deitada (penso que esta última seja a melhor), com a sorte de ele não adormecer de imediato 🙂 🙂

 

E agora que já estou a conseguir encontrar uns instantes para regressar ao activo no blog, conto falar-vos um pouco mais desta experiência de chegar a casa com um ser humano a nosso cargo, do que pode ser importante preparar antecipadamente no sentido de não vermos o nosso lar transformado num caos em meia dúzia de horas, da experiência da amamentação (a parte que ninguém nos conta), bem como das rotinas do dia-a-dia, que em tudo se têm que adaptar!

Até breve!

Joana