A evolução do móbile

O meu primeiríssimo trabalho manual para o quarto do Vi foi o seu móbile evolutivo. Há, sem dúvida, opções  de móbiles muito apelativos no mercado, difíceis de resistir de tão bonitos que são, porém, se nos detivermos sobre a vantagem e utilidade que os mesmos trazem para o bebé, a resposta é simples: pouca ou nenhuma. São items que apenas embelezam o ambiente e agradam aos olhos dos pais e de quem o visita.

Se queremos oferecer ao nosso bebé um ambiente verdadeiramente enriquecedor, temos que pensar no propósito de tudo o que lhe oferecemos. O móbile, nos primeiros meses, é um elemento que o ajuda na progressão da sua habilidade para explorar visualmente o mundo. O bebé desenvolve, gradualmente, o foco em objectos em movimento, a procura por um objecto em particular e a percepção de cor e profundidade. Este móbile deverá, dessa forma, ser mudado a cada 2/3 semanas para permitir, por um lado, a habituação “àquele” móbile em específico e, por outro, o acompanhamento dessa constante progressão visual.

Com o mesmo propósito  sempre em vista – o desenvolvimento pleno do meu bebé – pus mãos à obra. Como suporte, ao invés de colocar um gancho no tecto do quarto, utilizei um móbile já existente do IKEA que permite ir substituindo o conteúdo e que ainda tem a vantagem de ser portátil, não ficando restrito à área da cama (ou não tendo nós que colocar múltiplos ganchos em várias zonas do tecto da casa!). Comecei por comprar umas palhinhas (de bebidas mesmo) em papel, onde os objectos viriam a ficar presos por um fio. Para que ficassem mais bonitas, revesti-as com linha de crochet:

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De seguida, passei para o primeiro móbile – o móbile Munari. É um móbile constituído por formas geométricas brancas e pretas, planas, e por uma esfera transparente onde a luz pode reflectir. Deve ser utilizado das 3 às 6 semanas de vida e as duas cores utilizadas são aquelas que o bebé consegue distinguir nesta fase – os dois limites sensoriais que o estimularão a focar a sua atenção ininterruptamente. As formas foram especialmente concebidas para que, primeiro que tudo, o bebé distinga aquelas que são rectas e, depois, as que são curvas.

Não encontrei uma esfera transparente na altura da sua execução, porém, um coração também transparente tomou o seu lugar sem problema. Total coincidência, semanas mais tarde, quando o trabalho já estava terminado, um familiar que vive fora e nos veio visitar ofereceu-nos, entre outras coisas, a dita esfera, com o pormenor da Sophie la Girafe dentro 😀 É claro que foi imediatamente adicionada!

 

O segundo móbile deverá aparecer entre as 6 e as 8 semanas e é constituído por 3 octaedros, em papel metalizado, com cores primárias.

São agora introduzidas as três dimensões, com cores que permitem uma maior organização mental ao bebé e num material que faz reflectir a luz, atraindo a sua atenção. Os octaedros, em particular, constituem uma remota base para futuros entendimentos de aspectos relacionados com proporções geométricas, relações e padrões.

Foi de simples execução – imprimi em papel branco autocolante a forma dos octaedros, recortei-os e colei-os em folhas holográficas das várias cores. Depois foi só dar-lhes forma, tendo o cuidado de introduzir o fio de linha antes do último passo da montagem 🙂

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Entre as 7 e as 9 semanas, chega a altura de introduzir uma nova componente que permitirá mais um passo no desenvolvimento visual do bebé: as variações subtis dentro da mesma cor. O móbile Gobbi é constituído por 5 esferas de lã/ linha (ou de esferovite coberto com lã/linha), num degradê, colocadas de forma ascendente, da mais escura para a mais clara.

Comprei meadas de vários tons de azul (não são todos do “mesmo azul”, mas o efeito pretendido não ficará comprometido) e transformei-as em pequenos novelos que ficarão presos, também eles, nas palhinhas que forrei.

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Segue-se o móbile dos dançarinos, ideal para as semanas 10-12. Este móbile apresenta-se sob a forma de figuras estilizadas, feitas em papel metalizado, que se movem facilmente com qualquer circulação de ar. Uma vez mais, o reflexo que a luz fará sobre o mesmo irá captar a atenção do bebé para estas figuras constituídas por 3 partes independentes – cabeça, braços e pernas – estimulando a sua percepção e habilidade de foco visual dinâmico e em profundidade.

Foi, sem dúvida, o de mais desafiante execução. Utilizei cartolinas, onde imprimi as figuras, recortei-as e colei-as (com cola baton) a papel holográfico azul e cinza, de um lado e do outro. Falta apenas comprar fio de pescador/ nylon para ligar as 3 partes de cada uma et voilà!

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Após as 12 semanas, e porque o bebé começa a ter um propósito e a querer alcançar os objectos com as mãos, podemos colocar uma ou mais argolas de madeira, com um fio elástico, de forma a que possam ser puxadas, colocadas na boca, largadas e alcançadas novamente. Com isto, promovemos a exploração táctil, a concentração, a coordenação motora bem como o início da relação cérebro-mão (uma das grandes bases de toda a experiência sensorial e aquisição de conhecimento por parte do bebé). Estas argolas devem ser bem lisas, de material seguro e com um tamanho que não permita que as mesmas sejam engolidas.

Nesta fase, além das argolas, irei colocar no móbile as peças que o original do IKEA trazia – sólidos geométricos, em madeira, com cores chamativas 🙂

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Com isto, terminamos a saga “móbiles” e, gradualmente, começam as rocas a ganhar o papel de destaque no período de desenvolvimento seguinte. Como referi antes, o conceito de relação cérebro-mão começará a ser abordado nesta fase e dele falaremos com todo o cuidado e pormenor merecidos.

Até breve!

Joana

 

 

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