Já vos tinha dito que sou adepta do minimalismo? Não num sentido extremo da palavra (porque não consigo chegar tão longe em todos os campos da vida), mas no que toca ao não me agarrar demasiado a bens materiais que não têm utilidade no meu dia-a-dia. Felizmente, tanto para mim quanto para o D, uma vivência pacífica cá em casa tem, na sua base, uma organização muito grande da mesma e a libertação de tudo o que, francamente avaliando, não acrescenta muito à nossa rotina. Passa por sermos capazes de fazer avaliações muito pragmáticas acerca daquilo que vamos acumulando nos armários e fora deles e, de vez em quando, por enchermos uns saquinhos de coisas “para dar” 😉
Possivelmente exagerada aos olhos de alguns, a nossa forma de vida está, ainda assim, muito longe de se assemelhar ao minimalismo puro que muitas pessoas seguem. Isto porque, apesar de sermos ambos muito arrumados e gostarmos de destralhar cá por casa, não nos coibimos de a decorar com bastantes adornos que a tornam muito mais confortável e agradável à nossa vista. A ideia do “lar minimalista” com quase nada nas paredes e prateleiras é assustadora para nós. Uma estante sem livros (que tenhamos lido ou pretendamos ler, claro)? Jamais! Uma parede sem quadros? Jamais! Focamo-nos mais em manter essas estantes bem arrumadas e com cores que não ofusquem o olhar e em preencher as nossas paredes com pinturas e imagens que nos dizem algo e que também se enquadrem bem nos tons calmos com que decorámos o resto da casa. Cores fortes e destacáveis aparecem muito pontualmente. Luzes, por cá, só indirectas e lâmpadas só amarelas (há leds amarelos, sim!) – só assim mantemos o ambiente tranquilo que nos “chama à terra” diariamente.
À semelhança desta forma de estar, o quarto do Vicente é muito contido na quantidade e organizado na disposição de brinquedos e livros, o que, em tudo, nos conduz aos ideais montessorianos. Optámos por uma pequena estante, que montámos sem os pés para que ficasse o mais baixa possível e por uma prateleira onde cabem os primeiros livrinhos que o Vi irá explorar. Adquirimos também uma caixa organizadora que, na verdade, é um carrinho de mão e poderá, mais tarde, auxiliar na aquisição do equilíbrio e marcha, bem como dois cestinhos (só um está em uso) onde, para já, colocámos os peluches maiores – um já existente e dois oferecidos.
Nas prateleiras superiores da estante maior, dispusemos três brinquedos pedagógicos de madeira, cada um com o seu propósito e que o Vi poderá explorar livremente assim que estiver preparado para tal (a partir dos 6 meses, talvez?). Em baixo, reservámos uma secção para instrumentos musicais simples, que pretendo apresentar desde cedo pois valorizo muito a aquisição de noções de tom, ritmo e notas. A secção ao lado subdivide-se em 3 cestinhos com brinquedos aleatórios, entre eles animais de peluche, bolas, rocas (que serão introduzidas e têm um papel importante logo após os móbiles) e um ou outro brinquedo de borracha ou madeira.
A pequena prateleira para livros já está completa e é constituída por alguns exemplares com imagens reais de animais, outros com imagens não reais mas ainda assim realistas (é o caso dos livros moles para uma fase mais precoce) e outros ainda com alguma história e personagens – por muito que gostemos deles, sabemos que não devem ser introduzidas, aos bebés e crianças até aos 4 anos de idade, histórias onde exista demasiada fantasia e onde, por exemplo, os animais falem ou adotem acções humanas, justamente porque não correspondem à realidade e é apenas a realidade que deve ser apresentada até esta idade. É aqui que, pontualmente, nos assumimos permeáveis a alguns “maus hábitos” 😉
Dentro do carrinho de mão, colocámos um jogo de pares (vai ser utilizado bem mais tarde, mas adorámo-lo e não resistimos…) e um balde com sólidos geométricos coloridos para exploração e criação livres desde cedo. A disposição destes sólidos, a seu tempo, será colocada de forma estratégica e rotativa, em cestinhos separados por cor, ou por forma, ou por quantidade (variaremos de tempos a tempos).
Fora isto, guardámos dentro do roupeiro 4 doudous (apenas um comprado por nós e 3 oferecidos) e veremos se os apresentamos à vez, todos ao mesmo tempo mas em zonas diferentes onde o Vi possa estar ao longo do dia, ou se acabamos mesmo por não utilizar alguns.
E, com facilidade, apresentei-vos tudo o que havia para apresentar! Temos apenas um ou dois livros bem grandes com texto e imagens que iremos utilizar para lermos ao Vi logo desde o nascimento. Mas esses, ficarão connosco e não no quartinho dele.
A nossa ideia, inicialmente, era comprar ainda menos artigos do que comprámos, porém, cedemos um pouco à enormíssima oferta! Ainda assim, parece-nos que a quantidade é razoável e, sendo que os brinquedos não aparecem na nossa lista de desejos quando nos questionam acerca de presentes para o bebé, não nos parece haver grande espaço para “descalabros” 😉
No próximo post, conto falar-vos um pouco mais acerca deste tema – brinquedos – mas mais na perspectiva da filosofia de Montessori, pois considero que há muito know-how a absorver por nós, pais, e que pode ser determinante no momento de escolher o que de melhor podemos oferecer ao nosso filho.
Até breve!
Joana