Montessoriando pelo IKEA

Sabem quando as opções mais simples estão à porta de nossa casa e nem nos apercebemos disso? Senti isso com o IKEA, enquanto procurava por soluções “montessorianas” para o quartinho do Vi, fossem elas brinquedos, mobiliário, decoração…

Aproveitando uma visita durante esta semana à loja, dediquei uma parte do tempo a fotografar, para formar um pequeno álbum dessas opções, seja para vos dar a conhecer, seja para nós próprios nos lembrarmos do que lá existe quando pensarmos em adquirir mais qualquer coisinha 🙂 Na verdade, houve muito poucas zonas da área infantil que escaparam à objectiva!

 

  • Brinquedos

Como sabemos, a filosofia de Montessori privilegia a utilização de brinquedos com boa qualidade e de materiais naturais, ao invés dos de plástico, não apenas pela experiência sensorial mais rica, mas também porque a criança aprende a valorizar a beleza dos materiais nobres e a Natureza a partir da qual os mesmos são produzidos. Além disso, o tipo de utilização que se dá a um brinquedo de madeira ou tecido, por exemplo, deverá ser muito mais cuidada do que aquela que se pode dar a um qualquer objecto de plástico, sendo este quase indestrutível. E nós queremos ensinar as nossas crianças a serem cuidadosas no trato, seja consigo mesmas, com as pessoas/ animais/ natureza que as rodeia, seja com o ambiente e os materiais que o compõem.

O IKEA disponibiliza dezenas de brinquedos de madeira e tecido e alguns (poucos) de plástico, na verdade. Ainda assim, independentemente da matéria-prima, todos eles apresentam um propósito e podem beneficiar no desenvolvimento cognitivo e motor do bebé/ criança. Não encontramos na loja aqueles brinquedos multi-estímulos, de plástico, que entretêm a mente e nada acrescentam à mesma. Além disso, encontramos muitas réplicas realistas de uma série de artigos que são utilizados na vida real – loiças, mobiliário, peluches… tão importantes, principalmente até aos 6 anos da criança!

 

  • Mobiliário

Desde camas baixinhas para crianças pequenas, a cómodas adaptadas, móveis de arrumação, estantes e espelhos, no IKEA encontramos uma série de soluções para um quarto típico “montessoriano”. Além da quantidade de oferta, existe a vantagem da qualidade dos materiais (não é best, mas é muitíssimo aceitável para o tempo que vão servir) e do preço dos artigos, que é bastante baixo comparando com a concorrência e nos permite ter uma maior capacidade de desapego (não confundir com despesismo!) quando chegar a altura de substituir. O ex-libris, a meu ver, é a oferta de mesinhas e cadeiras pequenas – as opções são muitas e todas elas podem fazer sentido e ajustar-se a um determinado espaço/ contexto.

 

  • Artes/ artigos diversos

Também a secção de desenho e artes plásticas a loja nos oferece algumas opções – folhas texturizadas,  tintas acrílicas, aguarelas, canetas e lápis de cor, carimbos, marcadores… até aventais para proteção da roupa!

Além disso, foi com muita satisfação que encontrei elementos de utilização diária exactamente iguais aos dos adultos, porém, com o tamanho adequado para um bebé ou criança – neste caso, conjuntos de talheres, que era algo que procurava há algum tempo. Um dos desafios durante o crescimento dos nossos filhos, a meu ver, é justamente a introdução destes elementos “reais” que em nada facilitam a vida dos pais, mas que em tudo são fundamentais para o ganho de autonomia, responsabilidade pelas ações e coordenação motora, em particular dos movimentos finos. Incluem-se não só os talheres de metal/ aço, como também os pratos de cerâmica e os copos e jarros de vidro. Mais uma vez, os materiais de plástico não transmitem uma sensação real que induza a criança a desenvolver cuidado para com o ambiente que a rodeia.

 

Gostava, num dos próximos posts, de vos falar em soluções de outras duas lojas que, frequentemente, apresentam brinquedos e objetos muito adequados a ambientes pedagógicos. Revelar-vos-ei também a nossa wishlist de alguns artigos não tão fáceis de encontrar, mas que são utilizados em salas de aprendizagem Montessori e cuja importância e eficácia já é sobejamente reconhecida 🙂

 

Até já!

Joana

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O espelho

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Ao mesmo tempo que projectámos a caminha no chão do Vi, procurámos logo por soluções de espelhos para colocar ao lado da mesma.

O espelho tem um papel fundamental nos primeiros meses de vida do bebé. Ele observa-se, observa os seus movimentos e os movimentos das outras pessoas. Ainda desde a sua posição na cama, pode ver tudo o que tem a ver consigo e com a sua imagem, sendo estimulada a sua curiosidade, interesse e consequente oportunidade de movimento propositado do corpo.

A confiança que queremos que o bebé ganhe com a circulação livre pelo quarto pressupõe que este, primeiro que tudo, desenvolva um conhecimento acerca da área. O espelho permite, então, uma experiência visual da mesma, mesmo antes de o nosso filho conseguir mover-se nela.

Quando está deitado de barriga para baixo na sua cama, além do fortalecimento muscular que vai ganhando no pescoço e tronco (veremos em posts posteriores a enormíssima importância disto!), poderá, através do espelho, ganhar uma percepção ainda maior das distâncias, criar um “mapa interno” com noções corretas do espaço e “pontos de referência” que o irão guiar quando o mesmo se deslocar para o explorar.

Por uma questão de segurança, acabámos por optar por uma série de espelhos acrílicos sem cantos, do IKEA, colocados lado a lado. É uma solução que normalmente está esgotada na loja (todo o mundo quer estes espelhos?!), porém, após 2 ou 3 meses de espera, lá estavam eles 🙂

Uns meses mais tarde, assim que o Vicente começar a querer colocar-se de pé, os espelhos passarão para a parede oposta à da cama, onde será igualmente colocado um varão/ corrimão para que ele se ampare. Falaremos dessa fase a seu tempo 🙂

Até breve!

Joana

Ps. Já há cobertura da cabeceira da cama! 🙂 🙂 🙂 cinza, como não poderia deixar de ser!

 

A caminha no chão

Consideremos um quarto “normal” de recém nascido. O que encontramos?

Normalmente tem um berço/ cama de grades, um trocador, talvez uma cadeira de amamentação para o adulto… a sensação que temos, desde logo, é a de se trata de um espaço onde o bebé não faz muito mais além de dormir. E quando não o está a fazer, é levado para locais mais movimentados da casa. Já repararam que este bebé não tem a oportunidade de passar tempo acordado no seu próprio espaço, de ficar sozinho no mesmo, nem de trabalhar a sua capacidade de foco e concentração, sem que seja distraído por outros estímulos? Para que tal possa acontecer, é necessário o ambiente certo, aquele que vai de encontro ao seu nível de desenvolvimento, naquele momento, e este quarto que comummente encontramos não é exemplo disso.

Já um quarto típico “montessoriano” fornece tudo aquilo que procuramos para tal. É um quarto com cores neutras, bonito na sua simplicidade, que transmite calma, com o máximo de luz natural possível, com lâmpadas de cores quentes/ amareladas e com detalhes e alguns brinquedos (não muitos), esses sim, com cores mais vibrantes. É um quarto cujo mobiliário não tem um preço demasiado elevado e que facilmente pode ser “transformado” para acompanhar os vários estadios pelos quais o bebé vai passando.

Divide-se, logo à partida, em quatro áreas distintas, cada uma com fundamental importância:

  • Dormir
  • Vestir/ trocar fraldas
  • Amamentação
  • Actividade

E hoje vamos centrar-nos na área do dormir.

O elemento mais conhecido por quem conhece e até quem não conhece o método de Montessori é, sem dúvida, a cama do bebé, que se apresenta no chão, permitindo-lhe o movimento ilimitado.

Já aparecem no mercado várias caminhas deste género, até em forma de casinhas (aliciantes no aspecto, claro…), porém, o que se pretende verdadeiramente é um tão-simples colchão no chão, sem elementos que possam constituir perigo e magoar o bebé quando este se movimentar e um tapete (ou outra opção adaptada) que amorteça os poucos centímetros de “queda”, que é colocado imediatamente ao lado. Este colchão, idealmente, é colocado num dos cantos do quarto, ficando apenas com dois dos lados “abertos” à sua deslocação.

As camas de grades a que estamos habituados apareceram com o objectivo de “proteger” o bebé dos perigos da casa, porém, na verdade, podem elas sim constituir um perigo quando o mesmo tenta sair e trepar as laterais – a queda, nesse caso, não é de poucos centímetros… Também a passagem de uma cama de grades para uma cama normal de criança se revela mais dificil do que passado de uma cama no chão e estando já acostumado ao facto de não existirem barreiras que circunscrevem o espaço e impedem a queda.

Para o quarto do Vi, procurámos um estrado simples o suficiente para ser fácil de colocar directamente no chão e um colchão evolutivo (o melhor possível, que neste tipo de coisas não gostamos de descurar na qualidade nem de olhar a preços), que colocámos por cima. Este colchão evolutivo (do IKEA) é constituido por 3 partes – a maior (o colchão propriamente dito) e duas mais pequenas, que vamos juntado com um sistema de fixação, à medida que a criança cresce, e que se ajustarão posteriormente a uma grande oferta de camas baixinhas que a mesma loja oferece. Como inicialmente só precisamos da parte maior do colchão, guardámos uma das outras e a terceira aproveitámos para fazer a cabeceira da cama (poderão ver na foto). Para que esta cabeceira fique com um acabamento mais bonito, comprámos um tecido ao nosso gosto (e a condizer com o quarto) e entregámo-lo às mãos de uma costureira para fazer uma forra – depois fotografo novamente quando estiver tudo pronto 🙂

Depois precisámos apenas de adquirir lençóis com elásticos, um sobrecolchão impermeável e, para tapar o bebé, utilizaremos apenas um edredon revestido por uma capa (há que ter cuidado com a utilização de edredons devido ao sobreaquecimento durante a noite! O ideal será colocar uma almofada grande nos pés da cama, por dentro do edredon, de forma a que o bebé não se possa “afundar” para dentro do mesmo). No verão, dormirá apenas com a dita capa do edredon por cima.

Ao lado da cama, e a revestir metade da área do quarto, colocámos um tapete de espuma (daqueles tipo puzzle), que amortecerá eficientemente todas as quedas. Aconselho-vos, na escolha de uma solução deste género, a terem muito cuidado com os componentes utilizados no fabrico dos mesmos. Quase todos eles têm químicos que podem ser nocivos para o bebé e o risco de sufoco é uma realidade! Nós optámos pelo único que encontrámos no mercado sem qualquer químico na composição, nem quaisquer riscos para o bebé – o Skip Hop Playspot Geo Kid Foam Tiles. Não estava disponível em qualquer loja física em Lisboa, mas facilmente o adquirimos online.

Et voilà, o Vi já tem um espaço de dormir seguro para o receber após os primeiros meses em que, durante a noite, ficará no nosso quarto, num bercinho pequeno que adquirimos para o efeito 🙂

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Até breve!

Joana